ANALISE DOS QUADRINHOS E
FILME “V DE VINGANÇA”
O texto a seguir ira
abordar a análise dos quadrinhos do título “V de Vingança”, como o filme
produzido e fazendo um paralelo com os últimos acontecimentos em relação às
manifestações que ocorreu em âmbito social. Para tal atividade iremos utilizar
alguns tópicos e recursos sugeridos, são eles:
Conceito de
recontextualização
As categorias analíticas
para a estrutura genérica e tipos de gêneros
A intertextualidade
O discurso
O estilo
A Multisemiótica
Inicialmente, após a leitura dos quadrinhos e depois de assistirmos ao
filme, notamos que, no processo de recontextualização, houve a perda de alguns
eventos sociais nos quadrinhos e que são expostos de maneira bem explicita no
filme e vice versa. Uma vez que, esse evento de retratar uma obra ilustrada
para um discurso midiático é diretamente conectado por discursos e práticas
sócias novas e apropriações de novos contextos e diversos papéis desenvolvidos
pelos agentes nas obras.
Juntamente com essa perda e acréscimo de discursos e informações, vemos
claramente o recurso da multimodalidade e a mudança da posição dos agentes e
atores presentes em ambos os contextos, nos quadrinhos e no filme produzido,
como exemplo temos a personagem “Evey” que tem uma posição fortificada no filme
com um discurso altamente desenvolvido e de grande influência.
Um fator interessante, que é utilizado apenas no filme, são as
categorias analíticas para a estrutura genérica, que tem por definição a
estrutura usada pelos noticiários para apresentar as notícias, contudo, essa
estrutura é “flexível e também é orientada pela compreensão do controle social,
estabilização e ritualização” segundo o autor Fairclough. Nessa definição, o
discurso enunciado pelas mídias é totalmente direcionado para atender os
interesses das instituições políticas e televisivas, apresentando a versão mais
conveniente à sociedade, fato que ocorre até hoje.
Paralelamente, temos a vertente da categoria analítica para o tipo de
gênero, que defende a reestruturação e reescalonamento da vida social no novo
capitalismo, e podemos dividir essa categoria em dois segmentos: Gêneros de governança e promocionais, que
estão presentes em ambas as obras, quadrinhos e filme, primeiramente o governo
na posição de defensor e buscando o triunfo para a classe dominante, e por
outro lado, o personagem “V” que defende uma ideia que julga ser a melhor para
Londres. Entretanto, essas perspectivas apresentadas pelos dois lados se
reconfiguram na luta pelo poder. E podemos observar isso refletido na sociedade
pós-moderna através dos últimos protestos e manifestações. A luta pelo poder é
claramente mostrada no filme, assim como na sociedade em que vivemos
atualmente, e as últimas manifestações ilustraram essa batalha pelo poder
através do discurso da cultura de massa contra o discurso político e
governamental.
Seguindo nesse princípio, das práticas sociais, que está diretamente
conectada a ideia do Discurso, que segundo Fairclough, é o resultado de lutas
hegemônicas que acontecem em diferentes escalas, ainda podemos destacar, a
modificação que o discurso sofre em diferentes contextos. Tratando-se da mesma
obra: quadrinhos e filme observamos essas modificações, pois é necessária uma
adaptação aos diferentes contextos. Essas alterações se devem, como já
mencionado, às práticas sociais e discursivas, entretanto, alguns elementos
discursivos são preservados, e a intertextualidade se faz presente nas obras
que dialogam entre si.
Contudo, o teórico Van Leeuwen, traz à tona a definição de estilo,
lembrando que trata-se do modo de fazer algo. Já o discurso constitui a maneira
de expressar o gênero, a coisa feita, e o estilo, o modo de execução. Então, a
partir, dessa definição, a maneira como os agentes e atores dessa representação
retratam suas ações é com estilo e metodologia própria e única. Entretanto, no
mercado social existe a marketização da ideia apresentada por “V” a fim de ser
adotada por todos os ingleses. E tudo é elaborado através da relação: Discurso
e Estilo.
Através de uma perspectiva semiótica, que abrange a modalidade visual, o
enquadramento, a saliência, a linguagem na globalização, o discurso juntamente
com a mídia, as vozes do discurso, as multimodalidades, dentre outros fatores,
procuramos apresentar uma análise crítica dessas obras relacionando-a com a
realidade social em que vivemos. O filme e os quadrinhos mostram um conceito de
verdade baseada na modalidade objetiva, pois se expressam explicitamente, mas
isso não significa que é objetivamente verdade, porém é representada como tal.
Além disso, segundo Van Leeuwen, o
conceito de verdade visual na modalidade naturalista é mais ou menos como
segue: “quanto maior a figura, maior será o grau de representação da realidade,
e consequentemente será o grau de modalidade”. Desta forma, a modalidade visual
está diretamente relacionada à forma como os elementos discursivos são
divididos na prática social, utilizados em várias instâncias em ambas as obras
(quadrinhos e filme).
Num contexto social de globalização, onde temos divisões de classes, dominantes e dominados, que lutam assiduamente pelo poder, podemos ver comportamentos não conformes com o campo que o agente está inserido e produz efeitos de sentido contrário em toda ordem, claramente retratados no filme e nas manifestações que ocorreram em dias anteriores.
Mas em meio a tantas informações, como identificar as vozes do discurso,
os agentes executores dessas ideologias? Após uma reflexão sobre todos esses
eventos sociais representados no filme e nas passeadas, observamos que a voz da
sociedade e de vários indivíduos é configurada numa única figura central e sua
imagem traduz a vontade de inúmeras pessoas. A voz da cultura de massa luta
contra um sistema de prisão e normas estabelecidas de acordo com a conveniência
de um governo (Estado) estabelecido.
.
E nessa batalha, o discurso midiático vem a ser a estrela de primeira
grandeza nesse cenário, retratando as estratégias adotadas e as demais vozes do
discurso que sempre passam pela mídia. Sendo assim, o papel da mídia que é
apresentado no filme é muito bem usado no sentido de seguir as determinações do
governo inglês, exibindo as noticias de maneira alterada, apenas com as
informações relevantes. E isso, obviamente, observa-se em nosso meio, através,
por exemplo, da publicação de noticias de maneira filtrada e condensada, porém
com uma rapidez absurda, devido o efeito da globalização que gera uma sociedade
em rede. Um
exemplo claro disso seria a marcação dos encontros dessas manifestações através
das redes sociais, relatando o dia, local e a hora precisa dos eventos, a fim
de atingir um número imensurável de pessoas para aderir ou comprar essa luta
pelo poder. Dessa maneira estabelecemos relações sociais com indivíduos que sequer
vimos alguma vez na vida ou nem sabemos se iremos ver algum dia, e apenas um
ponto em comum se destacam entre eles: um mesmo ideal, que rompe com esse
mercado do medo criado no contexto da globalização.
É interessante destacar que a mídia tanto na nossa realidade social,
quanto no filme, simplesmente destaca os atos que julgam como vandalismos,
cometidos pelos agentes sóciais, sempre mantendo intacta a imagem da
Instituição Governamental e suas respectivas vozes. Entretanto, existem
exceções conforme o autor Fairclough, que aponta que muitas vezes há um
conflito direto entre a mídia e o Governo, ou entre a mídia e a economia nessa
sociedade pós-moderna. Essa perspectiva, apontada por Fairclough de certo modo
está correta, pois nem todas as culturas midiáticas estão a favor do Governo, e
isso é mostrado no filme através de uma cena de sátira, em um programa
televisivo, criticando o poder do Governo Inglês, além de algumas redes sociais
e da própria TV de determinadas emissoras criticarem claramente a conduta
aplicada pelo Governo nessa sociedade líquida.
Concluindo, observamos que a intertextualidade se fez presente na
relação entre as marchas em
São Paulo e a obra “V de Vingança”. Tanto o filme quanto os
quadrinhos mostraram claramente um discurso que é voltado para a mudança
social, rompendo com a filosofia do assujeitamento e buscando modificações.
Modificações estas que possibilitaram e possibilitam uma visão muito mais
crítica por parte da sociedade a fim de questionar e não aceitar tudo o que lhe
é imposto pelos aparelhos ideológicos do Estado.
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